Para que serve a Copa das Confederações

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Primeiro, eu peço desculpas pela qualidade das fotos. Elas foram tiradas durante a US CUP em 1993 e foi o evento teste para a Copa do Mundo dos Estados Unidos. Era, na verdade, um embrião da atual Copa das Confederações que seria oficializada como competição preparatória para o Mundial de seleções a partir de 2001, no Japão e Coreia do Sul. Os mais puristas vão me lembrar que desde 1992 ela já existia como Copa Rei Fahd, na Arábia Saudita. Eu sei, mas não desta forma.

A US Cup simboliza bem a finalidade do torneio que nada mais é do que a apresentação da Copa aos anfitriões. No caso americano, 24 anos atrás, servia quase que como uma apresentação do esporte à população. Me lembro bem de uma passagem durante o intervalo do primeiro jogo, entre Estados Unidos e Brasil quando cerca de 44.500 pessoas viram a vitória da seleção de Parreira por 2 a 0. Ao fim do primeiro tempo, o Brasil já ganhava por 1 a 0, gol de Luis Carlos Winck, e eu aproveitei para ir até o bar comprar um refrigerante. No caminho, encontrei uma família de americanos e os abordei para um reportagem que visava mostrar o ambiente que cercava aquela partida.

A família estava entrando no estádio Yale Bowl toda feliz porque iria ver a Seleção Brasileira contra a do seu país. Aí eu os lembrei que eles já tinham perdido a primeira etapa, o gol. E o pai todo surpreso me respondeu: “Mas não vai começar o segundo tempo agora?” Digo que sim e ele emenda, “então, não é agora na etapa final que tudo se resolve?” Não, no futebol as coisas não funcionam assim e para a sorte daquela família, Careca ainda marcou um outro gol.

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O torneio reuniu, além dos anfitriões e da nossa seleção, os campeões mundiais da época, a Alemanha, que venceria o torneio, e a Inglaterra. E foi muito importante para a adaptação americana ao novo esporte. Uma outra situação curiosa aconteceu na segunda rodada, no empate brasileiro com os alemães em 3 a 3, em Washington, no JFK Stadium. Reparem no ângulo da foto acima. Ela foi tirada da área reservada para a Imprensa. No caso do futebol, bem no escanteio. Vimos bem tudo o que acontecia naquela área, já na outra…

A justificativa que me foi passada por um surpreso agente da organização “era que ali ficavam os jornalistas em jogos de beisebol”. Explica-se, porque ali se posicionam os rebatedores, ou seja, tudo acontece naquele setor. Não é bem o caso do futebol. Por sorte, naquela partida, o Brasil fez 3 a 0 na nossa frente e sofreu outros três no segundo tempo, ou seja, de novo em frente da gente. Na rodada seguinte, também lá, porém, já estávamos sentados na tradicional posição central do estádio e pudemos ver o empate em 1 a 1 com a Inglaterra.

Os ensinamentos do futebol para eles não terminaram aí. De repente a bola derrubou a bandeira de escanteio. Lance casual, de nenhuma importância, não fosse a atuação do gandula. Ele olhava para aquele pedaço de madeira caído na grama e não sabia o que fazer. Se aproximou, voltou, chamou outros colegas. Formou-se uma comissão enquanto a bola corria solta no campo. O bandeirinha, longe dali, acompanhava a bola, enquanto a conversa seguia entre os americanos. “O que fazer com aquele pau? Será que podemos levantá-lo e fixar no campo de novo ou será falta grave?” Até que um conhecedor das regras foi lá e decretou que já deveriam tê-lo fixado outra vez e assim foi feito.

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Para isso serve a Copa das Confederações. Seja ou não realizada em um país conhecedor das regras, ela não deveria acabar. Seria sempre o aperitivo da festa que virá no ano seguinte. Uma apresentação das regras aos mais leigos, Talvez, a Fifa devesse apenas devolver ao esporte o mesmo espírito que houve até a Copa de 94. Menos exigências nas estruturas, algo que facilite a realização em estádios tão simples como os de universidades americanas, sem propinodutos, nem subornos. Uma competição em que a única ou maior finalidade seja o de levar o futebol para todos os povos como foi para o americano naquela ocasião.