Já há algum tempo, eu tenho escutado que o Brasil está acéfalo na Confederação Sul-americana de Futebol. Quase sempre a frase surge após uma eliminação de um clube brasileiro ou da nossa seleção em algum torneio do continente. Escutei de ex-jogadores como Ronaldo Fenômeno, e ultimamente na voz de jornalistas. Gostaria de entender o que os meus amigos da Imprensa estão sugerindo.
Realmente, a Seleção Brasileira foi eliminada da Copa América Centenária ao perder com um gol de mão do peruano. Também não se pode negar que a arbitragem andou mal na Libertadores. Mas o que estamos querendo? O que se entende por “representação política”? Se for para evitar erros da arbitragem, então, estamos admitindo que existe trabalho de bastidor. Estamos levando em conta o que Julio Grondona, na época presidente da Associação Argentina de Futebol, disse por telefone a um dirigente: que havia escalado Carlos Amarilla para apitar a partida do Boca Júniors contra o Corinthians em 2013.
Porque se estão sugerindo isso, seria bom que investigassem, que fossem atrás, fizessem o seu papel. Se os dirigentes dos clubes brasileiros concordam com a tese, deveriam tomar uma posição contrária ao comando da Conmebol. Normalmente, nossos presidentes tratam apenas de vociferar após os maus resultados.
É verdade que Marco Polo del Nero não representa o Brasil há um ano, que a CBF quase sempre manda outra pessoa para uma reunião na Fifa ou na sede da entidade sul-americana. Porém isso não pode esconder os fracassos dentro de campo. Não podemos esquecer que o Brasil só fez gol no Haiti durante a fase de grupos nos Estados Unidos. Que o chefe da comissão de arbitragem daquela competição era o brasileiro Wilson Seneme. Não se pode esquecer que o Atlético Nacional é o melhor time da Libertadores e foi melhor nos dois jogos. E que erros da arbitragem aconteceram em todas as fases e com todos os times. Ou não houve um pênalti de Hudson ao segurar a camisa de Leonardo Silva, contra o Atlético Mineiro, na fase anterior? Como bem disse o jornalista inglês Tim Vickery, “o futebol brasileiro ainda está fugindo da realidade, se escondendo atrás de chamado ‘momentos polêmicos.'”